segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

VALEU A PENA

Com voz serena
perguntaram-me ao ouvido
valeu a pena
vir ao mundo e ter nascido
com lealdade
vou responder, mas primeiro
consultei meu travesseiro
sobre a verdade
tive porém, que lembrar o meu passado
horas boas do meu fado
e as más também

Valeu a pena
ter vivido o que vivi
valeu a pena
ter sofrido o que sofri
valeu a pena
ter amado quem amei
ter beijado quem beijei
valeu a pena

Valeu a pena
ter sonhado o que sonhei
valeu a pena
ter passado o que passei
valeu a pena
conhecer quem conheci
ter sentido o que senti
valeu a pena
valeu a pena
ter cantado o que cantei
ter chorado o que chorei
valeu a pena

Valeu a pena
ter amado quem amei
ter beijado quem beijei
valeu a pena
valeu a pena
ter cantado o que cantei
ter chorado o que chorei
valeu a pena

letrasdemusicas.com.br Esta letra foi retirada do site www.letrasdemusicas.com.br


sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

A minha saia velhinha

A minha saia velhinha
Está toda rotinha
d'andar a bailar

agora tenh'uma nova
feitinha na moda
p'ra eu estriar.

Minha mãe casai-me cedo,
enquanto sou rapariga:
que o milho ceifado tarde
não dá palha nem espiga!

O meu amor era torto
e eu mandei-o cavacar:
agora já tenho lenha
para fazer um jintar.

José Nuno Oliveira (recolhida em Marrancos, anos 70)

To Jose Maria Vieira Cardoso (from Vieira do Minho)


It was thanks to my father that I bring this love for Fado in my soul. I dedicate this space to my dad (in memorian) who must be listening to the most beautiful angel songs in Heaven.

This is the poem I love the best and that became a nice Fado sung by Carlos do Carmo.

Aprendamos o Rito

Põe na mesa a toalha adamascada,
Traz as rosas mais frescas do jardim,
Deita o vinho no copo, corta o pão,
Com a faca de prata e de marfim.

Alguém se veio sentar à tua mesa,
Alguém a quem não vês, mas que pressentes.
Cruza as mãos no regaço, não perguntes :
Nas perguntas que fazes é que mentes.

Prova depois o vinho, come o pão,
Rasga a palma da mão no caule agudo,
Leva as rosas à fronte, cobre os olhos,
Cumpriste o ritual e sabes tudo.

José Saramago